Nós queremos, neste Acampamento de Oração para as famílias,entronizar Jesus Crucificado em nossas casas. Este Jesus Crucificado que tem perdido espaço em nossos lares. Antigamente, as casas sempre tinham a imagem de Jesus Crucificado em seu interior e isto, infelizmente, tem mudado com o passar dos anos. Muitas famílias não colocam mais a cruz de Jesus num lugar de honra em suas casas.
Muitos pensam que a cruz é uma derrota de Jesus. Mas é exatamente o contrário: a cruz é um sinal de vitória. A vitória contra Satanás acontece no momento em que Jesus dá Sua vida por amor, quando pregado na cruz. Deus não esperou a ressurreição de Seu Filho para vencer a Satanás. O inimigo foi vencido pela cruz de Nosso Senhor. Satanás foge da cruz.
Nós estamos lutando. É uma luta a vida do homem sobre a terra, ou seja, a nossa vida aqui é mais parecida com a cruz do que com a ressurreição. Mas, no céu, a nossa vida será mais parecida com a ressurreição do que com a cruz. Agora já pensou se a cruz fosse um sinal de derrota? Significaria que a nossa vida aqui na terra seria marcada pelo sinal da derrota! Mas não: a cruz é para nós um sinal de vitória. Na cruz já existe a vitória de Deus. Portanto, quem entroniza a cruz de Jesus em sua casa, traz para dentro do seu lar a vitória de Deus. Só tem um jeito de experimentarmos a vitória do Senhor em nossas vidas: abraçando a cruz de Cristo.
Eu quero falar sobre as virtudes da cruz de Cristo. O que a cruz de Jesus tem a ver com a família? Tem tudo a ver: a cruz é o grande sinal do amor de Deus, e a família é a vocação, o caminho que Deus escolheu para vivermos o Seu amor aqui na terra. Amor e cruz. Cruz e família. Tem tudo a ver.
Em 1 Coríntios 13,4-7 o apóstolo Paulo vai falar sobre as virtudes da cruz de Cristo:
“O amor é paciente, é benfazejo; não é invejoso, não é presunçoso nem se incha de orgulho; não faz nada de vergonhoso, não é interesseiro, não se encoleriza, não leva em conta o mal sofrido; não se alegra com a injustiça, mas fica alegre com a verdade. Ele desculpa tudo, crê tudo, espera tudo, suporta tudo”.
Neste texto, Paulo vai falar sobre quinze características do amor. Aqui encontramos quinze virtudes da cruz de Jesus. Eu vou me prender a primeira virtude que é tão importante ser vivida em nossa família: a paciência.
O amor é paciente. Dentro da família nós precisamos ser pacientes. Muitas vezes, dentro da família a paciência parece ser uma “fraqueza”. Veja: na oração desta manhã, nós fomos exortados à luta, ao combate na oração. Para lutar é preciso coragem e não paciência! A coragem e a paciência parecem ser virtudes opostas.
Santo Tomás de Aquino nos ensina exatamente o contrário. Ele vai dizer que a paciência é um tipo de coragem. Existem coisas na vida que você pode dar um “basta”! Ter a coragem de dar um “basta” para vencer aquele vício, aquele pecado. Mas todo bom general sabe que não dá para vencer o inimigo de uma vez só. É preciso estratégia. Não basta para ser um bom soldado ter apenas coragem. O bom soldado precisa também ter paciência, ou seja, saber a hora de atacar.
Existem em sua casa problemas que precisam ser enfrentados com paciência. Na família a paciência tem que reinar! Quanta paciência os pais precisam ter com seus filhos! Mas também quanta paciência os filhos precisam ter com seus pais.
A paciência nos ensina que, no céu, minha família será perfeita. Mas aqui na terra a minha família viverá uma luta. Nós precisamos ter muita paciência uns com os outros se quisermos viver juntos. Você não pode querer “ocupar todo o espaço”. Você não é o centro do universo!
A paciência é a virtude que nos ensina a suportar aquele mal que ainda não conseguimos eliminar. Você, que é pai ou é mãe, consegue corrigir todos os defeitos do seu filho de uma só vez? É claro que não! Existem pais que são muito vaidosos. “Massacram” os seus filhos exigindo demais deles. E não fazem isso por amor à virtude, por amor a Deus, mas por vaidade! Afinal de contas, seus filhos não podem ter nenhum defeito. E, assim, transformam a própria vida e a vida de seus filhos num “inferno”. Gente, existem defeitos que são maiores do que os outros. E, na educação dos filhos, é preciso tratar primeiro dos grandes defeitos, pois eles são os primeiros a aparecer. Depois você vai cuidar dos defeitos menores. Não tem como você, que é pai ou mãe, querer tirar todos os defeitos do seu filho de uma só vez. Isso é vaidade!
O Papa Bento XVI, disse em um de seus primeiros discursos: “Quantas e quantas vezes nós somos impacientes com as coisas de Deus. Tenhamos paciência. A paciência que Jesus manifestou na cruz, porque o mundo é salvo pelo Crucificado e não pelos que crucificam”.
São Pedro vai dizer que “a paciência de Deus é fonte de salvação”. E quando que a paciência é fonte de salvação? Quando Deus não nos trata conforme os nossos pecados, mas Ele demora, nos dá tempo para nossa conversão!
Jesus pacientemente carregou a cruz. Todas as vezes em que você estiver agitado, nervoso, precisar corrigir seu filho pela “milésima vez” ou se irritar com algo dentro da sua casa, faça o seguinte: corra até o Crucificado. Coloque-se diante da cruz de Jesus entronizada em seu lar.
Jesus suportou cuspes, chicotadas, chutes, humilhações e xingamentos por amor. Olhando para a cruz de Cristo diga para você mesmo: “O amor é paciente”.
Jesus poderia pedir, pregado na cruz, que o Pai enviasse um exército celeste para dizimar àqueles que O crucificavam. Mas o que Ele fez? Ele pediu misericórdia: “Pai, perdoai-lhes, pois não sabem o que fazem!” Se Jesus que é inocente teve paciência, porque eu e você que somos culpados não podemos ser pacientes uns com os outros?
Jesus morreu na cruz por todos nós. Mas existem algumas pessoas que são eleitas por Deus para sofrerem por Ele. A exemplo de Dom Eugênio Sales, a exemplo do monsenhor Jonas Abib, existem pessoas que vivem uma escolha de Deus, um privilégio, que é o de sofrer por amor a Cristo. O privilégio de carregar a cruz por amor a Cristo.
Existem os sofrimentos do dia-a-dia. Mas existem aqueles sofrimentos que surgem em sua vida pelo simples fato de você amar a Jesus. As perseguições, as calúnias por parte de seus próprios familiares, as provações suportadas por causa do seu amor a Deus, tudo isso é decorrente deste processo em que você vai se configurando a Cristo neste sofrimento vivido por amor a Deus.
Mas tudo isso desabrocha em esperança. Se tivermos paciência, ela desabrochará em esperança. A nossa libertação está próxima. Tenhamos paciência uns com os outros. E tenha paciência também com você mesmo. Esta paciência desabrochará em esperança também para aqueles que fazem parte da sua vida.
Repita comigo: “O amor jamais acabará!” E pense agora na sua família. A família jamais acabará! Deus se fez “família”. E a família na qual somos resgatados é aquela que nasceu da cruz de Cristo. Se a sua família hoje se parece mais com Jesus morto na cruz, saiba: assim como Ele ressuscitou, sua família também ressuscitará. O amor jamais acabará. Portanto, a família jamais acabará.
Padre Paulo Ricardo
Sacerdote da Arquidiocese de Cuiabá (MT)
www.padrepauloricardo.org
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