Veja essa entrevista que estou reproduzindo abaixo feita pela cancaonova.com com Prof.Felipe Aquino, onde fala sobre ensino das escolas no Brasil e que a educação das crianças é em primeiro lugar dos pais, muitos são católicos, vão a missa mas não sabem trasmitr a fé ao seus filho por que não ler a Biblia, não conhece a dotrina da igreja.
Felipe Aquino é conhecido no meio cristão como autor de vários livros sobre a doutrina católica. Também é apresentador de programas na rádio, na TV e na WebTV da Canção Nova. Nos finais de semana, aproveita para percorrer o Brasil e outros países promovendo encontros de aprofundamento destinado a jovens, noivos e casais. Além disso, ele também é conhecido pela vasta experiência acadêmica ao longo dos anos.
No entanto, professor Felipe está preocupado. Por quê? A resposta é clara: sua alma de educador tem constatado o triste cenário em que se encontra o ensino no Brasil. A baixa qualidade do ensino básico e fundamental, além da constante inversão de valores morais e cristãos propagados abertamente nas salas de aula da rede pública, transformou o professor em profeta e, como tal, nesta entrevista exclusiva à equipe do cancaonova.com, professor Felipe denuncia o erro e exorta todos os católicos a abraçarem, sem medo, este urgente desafio: formar nossos jovens e crianças com a ajuda da implantação de escolas que eduquem segundo a sã doutrina católica.
cancaonova.com: Recentemente, o senhor escreveu em seu blog um artigo intitulado “Um desafio urgente aos católicos”, no qual aborda a questão da formação acadêmica, catequética e moral de nossas crianças. Que desafio é esse que se apresenta aos católicos de nossa sociedade?
Prof. Felipe: Hoje, infelizmente, o Estado está interferindo profundamente na educação das crianças, mais do que os próprios pais. E a educação da criança é uma responsabilidade, em primeiro lugar, dos pais. A própria Igreja e o Estado devem complementar essa formação. E pais têm o direito de apresentar para os filhos o que eles quiserem como formação moral e religiosa. No entanto, o que está acontecendo hoje? A escola tem recebido uma série de programas de educação que, na verdade, é uma “deseducação”. Temos visto, por exemplo, a instalação de máquinas de distribuir “camisinhas” para os adolescentes nas escolas da rede pública. Isso é algo que desencaminha o jovem na sua educação sexual. Esse é um programa que encaminha o jovem para a promiscuidade. A formação de nossas crianças não tem sido conforme a moral católica. Portanto, é preciso hoje oferecer aos pais colégios católicos que deem aos seus filhos uma formação católica. Eu tive a preocupação de colocar meus cinco filhos numa escola católica. Mas nem sempre os pais encontram essa escola católica em sua região. Então, qual é o grande desafio para nós católicos nos dias de hoje? É abrir essas escolas católicas. Antigamente, havia muitos colégios católicos. Hoje já não existem muitos. E até eu digo com certa dor no coração: a formação católica que era dada nos colégios católicos antigamente, em muitos deles hoje já não é mais a mesma. Alguns colégios mantiveram uma boa formação católica. Mas outros não. Eu dou um exemplo por mim mesmo: estudei, juntamente com meus oito irmãos, num colégio católico onde recebemos uma excelente formação. Quando eu “saí para o mundo” com 15 anos de idade, eu já tinha uma formação católica adequada. Depois eu coloquei meus cinco filhos no mesmo colégio em que eu havia estudado, contudo, eles não receberam mais a formação que eu recebi. Eu fiquei decepcionado!
Portanto, é muito importante que a Igreja supra essa falta. E eu penso que nós leigos católicos, que somos Igreja, temos de nos engajar nesse projeto de fomentar escolas católicas que eduquem desde o maternal, passando pelo ensino básico, pelo fundamental e, quem sabe, indo até a universidade. Se perdermos a escola, perderemos a juventude. É na escola que você forma a mentalidade do jovem, daquele futuro adulto que será depois um formador de opinião e um líder em nossa sociedade. Conheço vários leigos católicos que abriram escolas e penso que os grupos de oração e as novas comunidades podem ter iniciativas nesse sentido, como, por exemplo, a Comunidade Canção Nova, que mantém o Instituto Canção Nova com mais de mil alunos. Por isso é que eu lanço este desafio: retomar essa rede de colégios e escolinhas católicas porque, do contrário, nós não conseguiremos formar nossos jovens e crianças com a cultura católica.
cancaonova.com: Por que tantos pais não assumem o importante papel na formação dos próprios filhos? Quais iniciativas eles precisam tomar para que estes [filhos] não percam a fé?
Prof. Felipe: Em primeiro lugar, porque os pais, muitas vezes, também não receberam a fé, não são convertidos verdadeiramente. São católicos, batizados, vão à Santa Missa aos domingos, mas não sabem transmitir a fé aos filhos. E por quê? Porque não leem a Bíblia todos os dias, não têm uma vida espiritual, não sabem, muitas vezes, nem rezar o terço, não sabem quais são os Sacramentos da Igreja, os mandamentos e a doutrina católica. E mesmo aqueles pais que têm um pouco de conhecimento encontram dificuldades por causa da agitação do mundo moderno. É preciso que os pais reservem, dentro de casa, um momento para a formação cristã dos filhos. E também devem procurar escolas que ofereçam esta boa formação às crianças. Além disso, devem cobrar dos professores essa boa formação. Mesmo que o filho esteja estudando, por exemplo, numa escola da rede pública, os pais devem acompanhar. E no caso de o filho estar recebendo uma formação religiosa, sexual e moral com a qual os pais não concordem, estes têm que procurar o diretor da escola e dizer que não concordam com esse tipo de orientação. Os pais precisam fiscalizar a escola, porque a responsabilidade da educação dos filhos compete a eles.
"A formação de nossas crianças não tem sido conforme a moral católica"
cancaonova.com: E qual o papel dos professores, dentro desse contexto, tanto com relação à formação acadêmica como com relação à formação moral e cristã dos alunos?
Prof. Felipe: O professor que é católico sabe que tem o dever de transmitir esses valores cristãos aos seus alunos, qualquer que seja a disciplina que ele leciona. Primeiro com seu exemplo de vida, sua pontualidade, assiduidade, se apresentando bem aos alunos com uma palavra clara, sem uso de palavrões e piadas sujas. Enfim, pelo próprio jeito discreto do professor, sua competência profissional, tudo isso aliado faz com que o aluno já veja nele um exemplo. O professor católico tem uma responsabilidade muito grande na escola, pois há muitos alunos que não têm um pai, ou mesmo tendo um, muitas vezes, este é ausente em sua vida. Por essa razão, estes alunos se apegam ao professor. Eu lecionei durante quarenta anos e ainda hoje recebo e-mails de alunos meus de vinte anos atrás! O professor marca profundamente o aluno. Esse é um meio de evangelização natural já inserido no próprio profissionalismo do professor.
cancaonova.com: Antigamente, as escolas católicas empenhavam-se em oferecer tanto uma boa formação acadêmica como uma sólida formação moral aos jovens e crianças. Hoje, nota-se que muitas escolas católicas já não atingem mais a fé das novas gerações. A que se deve tal realidade?
Prof. Felipe: É uma situação complexa. Eu penso que uma das razões disso é o fato de que os próprios professores das escolas católicas deixam muito a desejar. Lembro-me de que quando eu era aluno num colégio católico, quase todos os meus professores eram padres e alguns outros eram leigos, porém, bons católicos. A direção do colégio não admitia um professor que não fosse católico. É o que falta hoje. Agora você entra em universidades católicas e encontra muitos professores que não são católicos, pregando a favor do aborto, da prática homossexual e da união civil de pessoas do mesmo sexo. Você encontra professores dentro das escolas católicas ensinando algo contrário do que a Igreja Católica ensina. Os colégios católicos precisam também se impor por uma formação intelectual muito grande. Porque, muitas vezes, os pais não colocam seus filhos em um determinado colégio católico porque seu ensino é “fraco”, e o aluno não sai preparado para enfrentar um vestibular ou uma universidade [boa]. Isso não pode acontecer. A escola católica tem que superar a escola pública, para que o pai prefira colocar o filho também por razões técnicas e acadêmicas nesse tipo de escola [escola católica].
cancaonova.com: Um jovem cristão que busca viver com coerência sua fé, ao estudar numa escola pública, sofre um verdadeiro ataque aos valores morais trazidos por ele. Qual conselho o senhor daria para que ele saiba lidar com todos esses desafios que começam desde o ensino básico e continuam até a universidade?
Prof. Felipe: Evidentemente, só o jovem que recebeu uma iniciação cristã e que conhece um pouco da doutrina católica e que já fez a decisão em sua vida de seguir o Evangelho é que saberá discernir – diante dos seus professores e da escola – o que está certo e o que está errado. E, dentro da sua condição, ele precisa manifestar seu ponto de vista diante dos professores, apresentando suas razões para isso, pois ele acaba encontrando professores “anticatólicos”, que atacam a Igreja, apontam só os defeitos e os erros na vida dos filhos da Igreja, mas não falam das coisas bonitas dessa instituição. E, diante disso, o jovem fica acuado diante dos seus professores por causa da falta de conhecimento sobre essas questões e acaba se revoltando contra a Igreja. O jovem cristão precisa, portanto, ficar também “por dentro” da história da Igreja Católica [de modo a saber argumentar].
cancaonova.com: Professor Felipe, muito obrigado por nos conceder essa entrevista. Peço que o senhor deixe aos internautas que nos acompanham sua mensagem final.
Prof. Felipe: Eu peço a você que divulgue esta nossa campanha de formarmos uma rede de escolas católicas. Vamos trabalhar para isso e rezar nessa intenção. E isso sem objetivo de fazer “guerra santa” contra ninguém. Estamos num mundo pluralista: existem as escolas católicas, as escolas dos espíritas, dos pagãos, dos ateus... E nós temos o direito de montar a nossa rede de escolas católicas para crianças católicas que vêm de famílias católicas. E isso sem precisar agredir ninguém.
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